sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Santidade de vida


Muitos conceitos e palavras se esvaziam e são usados, não raro, de modo distorcido de seu sentido original. Nas religiões, no entanto, encontramos a noção de santidade como expressão de vida exemplar de quem é temente a Deus e procura estabelecer relação de fidelidade a Ele, de modo a colocar em prática suas inspirações e suas orientações. A santidade de uma pessoa é reconhecida oficialmente pela Igreja como exemplo a ser seguido e por sua instância junto a Deus em benefício da pessoa que o invoca.

Às vezes se julga a santidade como algo inatingível por muitos, devido aos próprios limites, problemas e falhas. Deus nos fala para sermos santos como Ele o é. Jesus nos desafia a sermos perfeitos como o Pai. Desse modo, a santidade e a perfeição parecem utopias. Mas, em relação a nós, pecadores, a santidade não é a conquista já ou imediata da perfeição. É sim a busca sincera e comprometida com a realização do projeto de Deus a nosso respeito. Progressivamente vamos nos depurando ou purificando de nossos defeitos e erros: “Todo o que espera nele purifica-se a si mesmo, como também ele é puro” (1 Jo 3, 3). É evidente que a santidade não é o simples esforço humano a conquistá-la. Para adquiri-la a pessoa deve ser humilde em reconhecer a própria fragilidade e a bondade infinita de Deus. Confia nele. Sua graça é que nos faz santos. No entanto, o esforço humano em colaborar com a ação de Deus deve ser bem manifesta.

Tivemos grandes pecadores que, tocados pela ação de Deus, mudaram completamente suas vidas e se puseram em consonância com o projeto dele. Pedro, Paulo, Agostinho, Inácio de Loyola e tantos outros são eminentes convertidos. Não há tamanhos pecadores que não possam superar seus limites. As bem-aventuranças são o caminho a ser buscado por quem realmente quer se encontrar e realizar na vida (Cf. Mt 5, 1-12). É o caminho da busca do ideal apresentado por Jesus.

Há santos e santas no mundo atual, com verdadeiras características do ser humano engajado na história. Sua marca tem sido forte na família, na Igreja, nas profissões, no trabalho, na política, na ciência, na economia, na mídia... Não se deixam corromper. Defendem o direito e a justiça. São éticos. Fazem família conforme sua razão de ser, seguindo os critérios e valores humanos e transcendentes. Não seguem o caminho das facilitações imorais. Responsabilizam-se pelo bem da comunidade. Levam a sério sua condição humana e religiosa. Depois de sua caminhada terrestre vão se encontrar no meio dos bem-aventurados: “Depois disso, vi uma multidão imensa de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas, e que ninguém podia contar. Estavam de pé diante do trono e do Cordeiro...” (Ap 7, 9).

Ninguém já é santo completo desde o nascimento, a não ser o Filho de Deus e Maria. É preciso que seja marcado com o sinal de redenção e corresponda ao dom da mesma levada a efeito no decorrer da vida. Por isso, vale a pena cada um fazer a própria história na correspondência à graça da salvação recebida. A fidelidade a Deus nos coloca atentos ao sentido da vida apresentada por Ele.

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